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Letras na Sopa

Eis que! Cá estamos eu, eu mesmo e outros eus, não bem aqui, mas assim de lado, de refúgio ou refluxo de ideias, por graça e força de muitos uns e zeros, na aparente essência de letras, acentos, pontuações e espaços num ensopado virtual.

Chego sem pedir licença nem permissão, apenas por ocasião de. E vou tentando navegar o rio de sons e imagens que corre dentro de mim, fluindo por entre tempos, brechas, sustos e sopros, numa espiral rumo a uma galáxia distante cujo centro está no meio do peito.

Obscuro? Não, apenas um arroubo poético, quase patético, para afinar o tom. Quem quiser ler, quiçá. Qui sait? Não prometo assiduidade, simpatia ou samba-no-pé. Apenas expressão de desejos literários: ler, ter, vários. A quem abrir esta página, um pedido: se gostar, comente e recomende; se não gostar, poetize.


Vicente Saldanha

sábado, 13 de março de 2010

Vaga-lume

                         I

Sou um vaga-lume na Via Láctea,
vagalumeio entre a poeira das estrelas
em busca de luz.
Os signos sinalizam meu caminho
no zodíaco que há dentro de mim;
Áries e Eros me lançam ao mar de Peixes,
mas a sombra de Plutão não me deixa ver
com clareza o mapa impreciso,
cheio de cálculos complexos, sem nexo ou respostas
às minhas perguntas mal-formuladas.
Vaga lembrança de questões:
de onde venho, para onde vou,
onde o tempo, em que lugar estou?

Enquanto vagueio na Viagem,
me guio, ao longe, por miragens.
Me aqueço em sóis de adoradores,
orbito planetas de opinadores,
salto em luas de alucinados.


                         II

Sou uma constelação de vaga-lumes,
meus átomos são galáxias;
minhas moléculas, sistemas estelares.
E o lume que brilha em mim
não é a vaga luz refletida das luas,
mas o fogo brilhante das estrelas
que ilumina meu céu sem regras
nem previsões.

E sigo a viagem por minha via láctea;
não mais vagueio pelos mapas:
procuro usufruir o caminho,
já não me inquieta o destino.

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