Imagem da internet

Letras na Sopa

Eis que! Cá estamos eu, eu mesmo e outros eus, não bem aqui, mas assim de lado, de refúgio ou refluxo de ideias, por graça e força de muitos uns e zeros, na aparente essência de letras, acentos, pontuações e espaços num ensopado virtual.

Chego sem pedir licença nem permissão, apenas por ocasião de. E vou tentando navegar o rio de sons e imagens que corre dentro de mim, fluindo por entre tempos, brechas, sustos e sopros, numa espiral rumo a uma galáxia distante cujo centro está no meio do peito.

Obscuro? Não, apenas um arroubo poético, quase patético, para afinar o tom. Quem quiser ler, quiçá. Qui sait? Não prometo assiduidade, simpatia ou samba-no-pé. Apenas expressão de desejos literários: ler, ter, vários. A quem abrir esta página, um pedido: se gostar, comente e recomende; se não gostar, poetize.


Vicente Saldanha

quarta-feira, 13 de maio de 2015

A máscara


Eis que a balaclava toma o poeta de assalto,
mas não lhe rouba nada senão o ocioso tempo.
A máscara mira em silêncio no vácuo do ex-espelho –
o antirreflexo do que o poeta procura ver.

O olhar, obtuso e vazio,
ferido pelo desfile enfadonho dos dias,
pelo desleixe das horas,
pelas deslembranças.

Em vão o poeta busca oráculos, uma inspiração:
a boca entreaberta não diz nada,
apenas um sopro inerte,
um sussurro suspenso sem vogais
ou significação.

A boca tampouco testa verdades:
ainda que a mão do poeta ali coubesse,
por mais fiel a suas traições,
sairia ilesa para compor outras vaidades
e ficções.

A sombra vã tenta dar forma ao rosto,
torná-lo familiar, talvez sagrado,
mas somente escorre, como as queimaduras do Sudário,
pelas texturas do tecido antigo.

A pele rugosa, um dia bela, lustroaltiva,
agora, pálida, descarnada,
manchada pelas cicatrizes
do tempo servil e sem afeto.

O poeta deseja sondar mistérios,
sinais de plenitude;
a máscara esconde um homem oco.
O poeta anseia por palavras, metáforas, alegorias;
a máscara não faz perguntas nem tem respostas:
a máscara inexprime.
A máscara: Nada.

terça-feira, 31 de março de 2015

Papéis

- Manhê, tô pronto!
E lá vai a mãe encarar um papel pouco higiênico...